segunda-feira, 25 de maio de 2009
O Pitt Bull de Darwin
Herton Escobar escreve para “O Estado de SP”
Richard Dawkins está numa missão para acabar com Deus.
Em seu mais recente e mais polêmico livro, “Deus, um Delírio”, o cientista de Oxford conhecido por seus genes egoístas e sua língua afiada não poupa palavras para contestar a existência do Todo-Poderoso.
A obra, com lançamento previsto no Brasil para quinta-feira (Cia. das Letras, 528 páginas, R$ 54), já vendeu mais de 1 milhão de cópias em inglês – cada uma delas carregada de um sarcasmo anti-religioso que sem dúvida, alguns séculos atrás, seria bilhete garantido para uma noite na fogueira e uma eternidade no inferno.
Aqueles que comprarem a briga encontrarão pela frente um debatedor de lucidez espantosa, pragmatismo ferrenho e espiritualidade zero.
Dawkins é do tipo acostumado a polêmicas, sem medo de dizer o que pensa. Híbrido de zoólogo, etólogo e biólogo molecular, o britânico nascido no Quênia começou a demarcar seu território no mundo literário em 1976, com “O Gene Egoísta”, um dos maiores best sellers da escritura científica, no qual reduz o ser humano a um punhado de genes interessados apenas na própria reprodução.
Trinta e um anos depois, “Deus, um Delírio” faz soar o gongo de um clássico confronto entre ciência e religião.
Na visão de Dawkins, a fé religiosa (seja qual for a denominação) não é apenas uma ilusão inofensiva, mas um delírio nocivo do qual a sociedade precisa ser curada.
“Se este livro funcionar do modo como pretendo, os leitores religiosos que o abrirem serão ateus quando o terminarem”, escreve Dawkins, em um delírio próprio de otimismo reconhecidamente presunçoso.
Em tom mais realista, ele espera, pelo menos, convencer alguns infiéis a vestir a camisa do ateísmo com orgulho:
“O motivo de muitas pessoas não notarem os ateus é que muitos de nós relutam em ’sair do armário’. Meu sonho é que este livro ajude as pessoas a fazê-lo. Exatamente como no caso do movimento gay, quanto mais gente sair do armário, mais fácil será para os outros fazerem a mesma coisa”, escreve.
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