O ministro Joaquim Barbosa, do STF, tornou-se uma celebridade. O mensalão o projetou nacionalmente, e seu rigor investigativo e a severidade que adotou em relação aos réus do escândalo encontraram ressonância em grande parte da opinião pública, que viu nele - enfim! - a personificação do Anjo da Justiça, tão ansiosamente aguardado.
Seus embates com o colega Ricardo Lewandowsky, vigorosos e tensos, fortaleceram ainda mais sua imagem e desnudaram o poder de aparelhamento do PT. As ligações de Lewandowsky com o presidente Lula são notórias.
Barbosa sequer se deu ao trabalho de enfrentar Dias Toffoli. A mediocridade jurídica e pequenez ética desse ministro - que deveria ter se considerado impedido, por sua ligação também notória com o principal réu, José Dirceu - desaconselhavam o confronto.
Houve, sim, no vigor e tensão das duelos com Lewandowsky - que se comporta como advogado dos réus - momentos em que Barbosa deixou o campo jurídico para enveredar pelo pessoal. E subiu o tom, muito acima do que o diapasão da Suprema Corte permite. Mas quem não se irritaria na presença de alguém que sistematicamente tenta desmontar sua tese e desmerecer seu esforço?
Noves fora, e a esse desconto inclui-se o desconforto permanente de Barbosa provocado por problemas de coluna, o que influi sobre seu ânimo - influiria sobre o de qualquer pessoa -, o ministro excedeu-se na sessão de retomada de trabalhos, esta semana. Desdenhou de seu colega Marco Aurélio, que apresentou uma questão de ordem, e comprometeu severamente sua imagem.
O detalhista e severo julgador Joaquim Barbosa apequenou-se diante do arrogante Joaquim Barbosa.
O deslize não desmerece seu trabalho, por mais que tentem desqualificá-los seus opositores - dos réus a seus companheiros de partido e à fabulosa máquina de difamação que controlam.
O julgamento do mensalão caminha para o fim. Ele trouxe à tona os subterrâneos de um governo que renegou tudo o que propunha em matéria de ética e os protagonistas de um processo engenhoso de corrupção, sem paralelos na história. Vinte cinco deles foram condenados, outro resultado também sem paralelo.
Os julgadores são humanos, e portanto erram. Ou por método, como Lewandowski e Toffoli, ou por temperamento, como Barbosa.
Esses erros, no entanto, engrandecem o julgamento - porque, apesar dos pesares, o processo foi levado a cabo. A Justiça e a democracia são os principais beneficiados
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário