Sou um amante de livros, tenho verdadeira paixão por literatura. Acredito que ao ler um livro você

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Sou um amante de livros, tenho verdadeira paixão por literatura. Acredito que ao ler um livro você faz uma viagem por mundos desconhecidos, mundos a serem descobertos.Este blog tem como objetivo a troca de informação literaria, a troca de conhecimento sobre livros. O blog tem em sua maxima, indicar e receber em suas paginas indicações de livros. Formando assim um forum literario de debate e incentivo a leitura. De sua sugestão, sua indicação...vamos fazer da leitura um prazer em nosso cotidiano.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Você tem que encontrar o que você ama, por Steve Jobs

Você tem que encontrar o que você ama

Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.
A primeira história é sobre ligar os pontos.
Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina.
Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: “Apareceu um garoto. Vocês o querem?” Eles disseram: “É claro.”
Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquilo.
Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.
Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.
Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.
Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.
Minha segunda história é sobre amor e perda.
Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.
E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses.
Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício].
Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.
A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.
E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.
Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.
Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.
Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.
Minha terceira história é sobre morte.
Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.
Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.
Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para “preparar para morrer”. Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.
Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.
Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.
Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.
E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.
Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.
Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:
“Continue com fome, continue bobo.”
Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.
Obrigado.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

~ Igreja de Santa Sofia (Hagia Sophia) ~Se for a Istambul-

A Igreja de Santa Sofia domina a silhueta de Istambul, na Turquia, como uma poderosa cidadela. Durante milênio e meio, ela foi cantada e admirada como maravilha do mundo; um monumento da grande cultura humana, como até agora a humanidade não voltou a ter outro.


Para o visitante de hoje, é difícil descobrir, por trás da aparência exterior da igreja, o brilho perdido da áurea Bizâncio. O destino volúvel de Santa Sofia, de igreja cristã a mesquita islâmica e a museu atualmente, deixou atrás de si e em todos os lados os seus vestígios em forma de modificações e de coisas que lhe foram adicionadas. A magnífica cúpula principal, cuja clave se eleva 56 metros acima da nave do templo, é a única coisa que nada perdeu da sua graça e dignidade. Serviu de exemplo para a construção de numerosas mesquitas orientais e catedrais do Ocidente. O Imperador Constantino foi o primeiro a construir uma igreja no lugar da atual Sofia, quando em 336 fez de Bizâncio, com o novo nome de Constantinopla, a capital do seu Império Romano do Oriente. Chamou-lhe "meggale ekklesia", grande igreja. Duzentos anos mais tarde, esta igreja, e com ela a maior parte de Constantinopla, foi incendiada durante um levante contra o Imperador Justiniano (527-556).

Justiniano reconstruiu a igreja, maior e mais bela do que nunca. Os projetos foram de Thenio de Trelles e de Isidoro de Mileto, os mais famosos arquitetos da Roma oriental. Mas o imperador intrometia-se nas obras freqüentemente, com conselhos e mesmo atuações. "Um anjo mostra-lhe os planos durante o sono", dizia o povo. As obras custaram 18 toneladas de ouro. Milhares de operários transportaram durante seis anos todas as riquezas do império oriental, o mais belo mármore, as mais magníficas colunas. As paredes eram cobertas de mosaicos de ouro. E Santa Sofia ("Sabedoria Divina"), quando acabada, tornou-se o santuário da cristandade oriental. Continuou a sê-lo até que os turcos, em 1453, conquistaram Constantinopla, que desde então se chama Istambul. Para tristeza de todo o mundo cristão, a igreja foi transformada em mesquita. Em 1935, Kemal Atatürk decretou que Santa Sofia seria um museu.

"Religiosidade e decoração, forma e cor, luz e lenda combinam-se, dissociam-se e sobrepõem-se em Santa Sofia, de uma forma incomparável", escreveu o professor Dr. Nastainczyk. "Como edifício, revela a transparência eucarística de tudo aquilo que é terreno, e na sua história a coincidência escatológica da fé vivida."



  • Aberta para visitação, de terça a domingo, das 09.30 às 16.30

Gule Gule - Cerimônia dos Dervixes Rodopiantes

O Sema é resultado da inspiração de Mevlânâ Celâleddin-i Rumî (1207 – 1273) e parte da história, cultura, costumes e crenças da Turquia. Ele simboliza em sete partes os diferentes significados de um ciclo místico para a perfeição (Ascensão – Mirac).
A ciência contemporânea confirma definitivamente que a condição fundamental da nossa existência é a rotação. Não existe um objeto ou ser que não gire, e essa semelhança compartilhada entre todos os seres é a rotação dos elétrons e prótons no interior dos átomos, que constituem a estrutura da menor partícula existente até as estrelas do céu. Como consequência dessa semelhança, tudo o que existe gira e o homem segue a sua vida, sua real existência, através da rotação no interior dos átomos, dos elementos do seu sangue, da sua vinda da terra e o seu retorno a ela, da sua rotação com a própria Terra.
No entanto, todas elas constituem rotações naturais, inconscientes. Mas o homem é o processador de uma mente e inteligência que o diferenciam e o tornam superior aos outros seres.
Dessa forma, o dervixe rodopiante, ou Semazan, faz com que a mente participe dessa semelhança compartilhada e da rotação de todos os outros seres.
A cerimônia do Sema representa uma jornada mística completa da ascensão espiritual do homem através do amor, quando ele abandona o ego, descobre a verdade e atinge o “Perfeito”.
Então ele retorna dessa jornada espiritual como um homem que atingiu a maturidade e uma perfeição maior, de forma a amar e se pôr a serviço de toda a criação, de todas as criaturas sem discriminação de credo, classe ou raça.
Com o seu chapéu cônico (pedra tumular do ego) e a sua saia branca (mortalha do ego), o dervixe nasce espiritualmente para a verdade ao retirar a capa preta, viaja e avança para a maturidade espiritual através dos estágios do Sema.
No início de cada estágio do Sema, ao cruzar os braços, ele representa o número um e testemunha a unidade com Deus.
Ao rodopiar, ele abre os braços com a mão direita virada para o céu, pronto para receber as dádivas de Deus e, fixando a mão esquerda para a terra, ele gira da direita para a esquerda, girando em volta do coração. Essa é a sua maneira de transmitir a graça espiritual de Deus às pessoas para as quais “Deus olha com uma Divina” atenção. Rodopiando em volta do coração, da direita para a esquerda, ele abrange toda a humanidade, toda a criação, com afeto e amor.
O Sema é constituído de diversas partes com diferentes significados...
A – Ele começa com um louvor “Nat-ı Şerif” ao Profeta, que representa o amor, e a todos os Profetas antes dele. Glorificá-los é glorificar a Deus, que criou todos eles.
B – Esse louvor é seguido de um som de tambor que simboliza o ordem Divina do Criador, “Kun=Seja!”
C – Segue-se uma improvisação musical instrumental “taksim” com um leitura “ney”, que representa o primeiro sopro que dá vida a tudo o que existe: O Sopro Divino.
D – A quarta parte é o cumprimento recíproco dos dervixes e a tripla caminhada circular repetida “Devri Veledi”, acompanhado por uma música chamada “peshrev”, e simboliza a saudação de uma alma à outra, ocultas por formas e corpos.
E – A quinta parte é o Sema (rodopio) e consiste de quatro saudações ou “Selam”s. No final de cada um, como no início, o dervixe testemunha a unidade com Deus pela postura.
1 – A primeira saudação é o nascimento do homem para a verdade através do sentimento e da mente. Ela representa sua concepção completa da existência de Deus como Criador e o seu próprio estado de criatura.
2 – A segunda saudação expressa o êxtase do homem ao testemunhar o esplendor da criação, diante da grandeza e onipotência de Deus.
3 – A terceira saudação é a dissolução do êxtase em amor e, portanto, o sacrifício da mente em detrimento do amor. É uma submissão completa, é a aniquilação do eu no Único amado, é a unidade. Esse estado de êxtase é o mais alto grau, definido como “Fenafillah” no Islã. No entanto, o grau mais alto do Islã é aquele que foi atingido pelo Profeta: Ele é chamado servo de Deus em primeiro lugar e, em seguida, seu mensageiro. O objetivo do Sema não é interromper o êxtase e a perda do pensamento consciente e, sim, realizá-los.
4 – A quarta saudação: Exatamente como o Profeta ascende ao “Trono” e então volta para sua missão na terra, o dervixe rodopiante, após o término de sua jornada espiritual e sua ascensão, volta à sua missão, ao seu estado de subserviência.
(Ele é um servo de Deus, de Seus profetas e de toda a criação). Sura Bakara 2, versículo 285. No final desta saudação, ele demonstra isso de novo através da postura com os braços cruzados, representando a unidade de Deus consciente e emocionalmente.
F – A sexta parte do Sema é a leitura do Corão, principalmente do Sura Bakara 2, versículo 115 (A Deus pertence o oriente e o ocidente e para qualquer lado que você olhe, verá o semblante de DEUS. Ele é Onipresente e Onipotente.
G – A cerimônia do Sema termina com uma prece pela paz das almas de todos os Profetas e crentes. Após o final do ritual do Sema todos os dervixes voltam silenciosamente para a sua meditação (tefekkür).
(GB) Sete Conselhos de Mevlana
1. Na generosidade e ajuda ao próximo, seja como o rio
2. Na compaixão e benevolência, seja como o sol
3. No segredo dos erros alheios, seja como a noite
4. Na raiva e na fúria, seja como um morto
5. Na modéstia e humildade, seja como a terra
6. Na tolerância, seja como o mar
7. E viva como você é, ou seja o que você parece ser

E por falar em História, e por falar em Bruxas....

Monge alemão Heinrich Kramer possuía o que se define hoje como uma estrutura psicológica neurótica. Ele concentrou a misoginia de sua época num tratado para caça às bruxas. DW conversa com a historiadora Irene Franken.
Katharina Henot foi a primeira. Depois que, em 1627, a influente comerciante foi condenada e executada por "magia maléfica", iniciou-se uma avalancha de processos por bruxaria na cidade alemã de Colônia: nos três anos seguintes, pelos menos 24 mulheres foram acusadas e mortas.
Cento e quarenta anos antes, um monge dominicano estabelecera os fundamentos para identificação e perseguição às feiticeiras, naquilo que hoje se chamaria um best-seller: o Martelo das BruxasMalleus maleficarum ou Der Hexenhammer. O tratado compilava o saber e os medos da época, fornecendo os argumentos necessários àqueles que acreditavam na caça às bruxas.
Hoje, o Conselho Municipal de Colônia se ocupa da reabilitação oficial de Katharina Henot. A Deutsche Welle conversou com a historiadora Irene Franken, natural da cidade renana, sobre um dos livros mais infames jamais publicados.
Deutsche Welle: Em 1486, o monge dominicano Heinrich Kramer redigiu o Martelo das Bruxas. O que ele contém exatamente?
Katharina Henot (dir.) representada na torre da prefeitura de Colônia
Irene Franken: Do ponto do vista do conteúdo, o Hexenhammer se compunha por três partes. Primeiro explicava-se como identificar bruxas – ou melhor "magas", pois a palavra "bruxa" [Hexe, em alemão] ainda não era reconhecida e difundida de forma ampla. Na segunda parte do livro, Kramer enumerava, através de histórias exemplares, o que essas supostas magas eram capazes de fazer para prejudicar as pessoas. E, na terceira parte, explicava como deviam transcorrer os processos contra essas mulheres malvadas.
Que processos eram esses?
Os processos da época mudaram de perfil, através desse livro. Até então, quem denunciava alguém corria, ele mesmo, perigo de ir preso, até o processo ter-se concluído. Com seu Martelo das Bruxas, Heinrich Kramer cuidou para que se pudesse denunciar sem ser inculpado ou punido, caso as acusações fossem falsas.
Via de regra, todo o esclarecimento do caso era entregue a juízes eruditos – ou por vezes laicos – que então se encarregavam da busca por indícios. Não era permitido nenhum tipo de assistência legal – como sabemos por um caso em Colônia, onde uma comerciante tentou apelar para seu advogado. E as acusadas – pois eram geralmente mulheres – se viam diante de um esquadrão masculino que não hesitava a mandar despi-las, na procura por supostas marcas de bruxa, as quais então serviam como indício para sua "natureza mágica".
O que se sabe sobre o monge Heinrich Kramer?
Execução em Dernburg, 1555
Ele fora designado pelo Papa como inquisidor no sul da Alemanha. De fontes isoladas, sabemos que nem sempre foi bem sucedido em suas incursões a diversas cidades, onde afixava uma nota ou cartaz à porta das igrejas, exigindo a denúncia de todas as "magas". Em certos casos, ele chegou a ser expulso sob pancadas. Parece ter sido uma espécie de ato de vingança, ele iniciar essa campanha contra as mulheres, através do Martelo das Bruxas.
É certo que esse livro não é o primeiro a focalizar tão fortemente nas mulheres a temática da bruxaria, mas é o que faz isso da forma mais explícita e veemente. O livro é também entremeado de máximas sexuais. Pode-se partir do princípio que Kramer temia as mulheres.
Na qualidade de monge, ele não conhecia quase nenhuma, pois entrara para o mosteiro ainda criança. No Martelo há repetidas alusões a fazer desaparecer os membros dos homens com um passe de mágica, a torná-los impotentes e coisas semelhantes. Pode-se, portanto, deduzir que Heinrich Kramer possuía uma estrutura fundamental neurótica.
A que público se dirigia o Martelo das Bruxas?
Ele é redigido em latim e, em princípio, se dirigia a especialistas, sobretudo teólogos. Mas, aí, ele chegou também a muitos juristas e conselheiros municipais, que o utilizaram para se informar sobre a matéria. Não é que antes não existissem livros sobre o tema, mas Heinrich Kramer simplesmente compilou suas teses a partir de inúmeros autores, de mais de 100 fontes, as quais ele, em parte, menciona: são outros teólogos, mas também a Bíblia e livros de direito da época.
Como o tratado foi divulgado?
O Martelo das Bruxas se beneficiou da invenção da imprensa, e do fato de ser possível divulgar textos em tiragem bem alta. Certa vez tive um original na mão: é um livro mínimo. Ao todo foram publicadas 29 edições. Ele não atingiu apenas a Alemanha, mas foi empregado em toda a Europa. Contudo muitos países também se distanciaram do livro, o rejeitaram. Como a Itália e a Espanha, por exemplo – justamente aqueles que associamos com a Inquisição.
Até que ponto o Martelo instigou a caça às bruxas?
Exemplar do 'Hexenhammer' em exposição sobre as últimas bruxas do Baixo Reno
Não tanto quanto pensam algumas pessoas, hoje. O Martelo das Bruxas não desencadeou imediatamente uma gigantesca avalancha de perseguição: mais correto seria dizer que ele foi a reação a uma onda de perseguição no século 15. Mas a maior onda de caça às bruxas na Europa só começou no século 17, quando o livro já contava mais de um século. Ele ainda era relevante, mas também havia alternativas, na época.
Não se pode dizer que a obsessão com as feiticeiras tenha sido atiçada com força extraordinária apenas pelo Hexenhammer. Porém ele forneceu uma base de argumentação e, sobretudo, também uma certa segurança jurídica. De posse desse livro, qualquer alcaide ou conselheiro podia se informar sobre a forma de instituir um processo por bruxaria, e assim se sentia assegurado. Via de regra, eram homens eruditos que liam esse livro. Clérigos o empregavam em seus sermões e havia traduções para leigos, através das quais as ideias básicas do Martelo eram mais amplamente difundidas.
Por que as teses do tratado encontraram solo tão fértil na época?
Eram tempos inseguros. Diversas coordenadas que vigoravam na Europa, até então, haviam perdido a validade. Regiões inteiras estavam realmente na miséria; ocorrera uma pequena Idade do Gelo no século 15; seguiu-se a Reforma de Martinho Lutero, acarretando incertezas religiosas; em parte reinava o medo. Nesse contexto, o Martelo das Bruxas oferecia orientação e segurança. Através dele, parecia possível identificar quem não levava a fé cristã a sério – pois a magia também era interpretada como renegação da fé cristã.
Mas foi justamente o Martelo que permitiu que se denunciasse qualquer pessoa, a qualquer momento. Isso não tornou a situação ainda mais tensa e insegura?
Bruxas são figuras tradicionais no carnaval do sul da Alemanha
O livro contribuiu, acima de tudo, para que se aprofundasse a concepção sobre as mulheres, já existente. Não era um pensar novo. Antes disso, as mulheres já eram apresentadas como o elemento ruim e fraco da sociedade. Mas o Martelo das Bruxas reforçou essa visão. Ele cuidou para que gente que, de alguma forma, era diferente da maioria, fosse mais rapidamente perseguida. A sociedade hegemônica assegurou seus próprios valores ao eliminar os marginais, como diríamos hoje.
Não havia realmente qualquer possibilidade de escapar a uma persecução?
Era muito difícil. Uma vez que a acusação de bruxaria era lançada, só restava ao implicado torcer para que o juiz encarregado possuísse uma boa formação. Quanto mais erudito e culto o juiz, mais brandas eram as sentenças pronunciadas. Pode-se constatar isso na comparação entre as grandes cidades e os povoados, nos quais a decisão cabia a juízes laicos: em geral, estes impunham sentenças bem mais rigorosas.
Quando uma mulher ia às barras do tribunal, ainda era possível os conselheiros, encarregados de decidir sobre a realização do processo, sustarem a ação. Nesses casos, eles eventualmente expulsavam a acusada da cidade, ou decretavam prisão domiciliar, ou a liberavam inteiramente. Uma mulher acusada de feitiçaria, na época, não era automaticamente condenada à morte. Mas, a rigor, havia bem pouco que ela mesma pudesse fazer.
Entrevista: Laura Döing (av)
Revisão: Roselaine Wandscheer