
Há 90 anos, esse pedaço de terra foi transformado no primeiro cemitério israelita da cidade. Ele abriga 5.500 sepulturas -tanto de pioneiros anônimos da migração judaica na capital quanto de famosos como o pintor lituano Lasar Segall (1891-1957) e o arquiteto modernista Gregori Warchavchik (1896-1972).
Seguindo a estrela de Davi impressa nos túmulos, os pesquisadores Paulo Valadares e Guilherme Faiguenboim e o fotógrafo Niels Andreas recuperaram costumes fúnebres, construíram narrativas e extraíram as raízes da imigração judaica. O resultado está no livro "Os Primeiros Judeus de São Paulo - Uma Breve História Contada Através do Cemitério da Vila Mariana" (editora Fraiha, R$ 110).
"A maioria dos descendentes são pessoas comuns. Como poderão descobrir a sua história?", diz Faiguenboim, para responder em seguida: "As lápides são documentos", referindo-se às inscrições que serviram de ponto de partida.

A obra resgata ainda a trajetória dos fundadores do cemitério, como o industrial Maurício Klabin (1860-1923), que cedeu o terreno.
Dali também saíram pistas para narrar a vida das polacas, prostitutas judias que, devido ao preconceito, tiveram seu sepultamento negado no local. Reunidas em associações para pressionar sua aceitação, encontraram vagas principalmente nos cemitérios Chora Menino, em Santana (zona norte), e no de Cubatão (Baixada Santista). Duas foram enterradas no da Consolação (centro) sob a inscrição "Deseja-se que sua alma não seja mais encarnada".
Embora hoje praticamente não existam mais vagas no cemitério da Vila Mariana, outros dois continuam recolhendo as histórias da tradição judaica, o do Butantã (zona oeste) e o de Embu.
Foi a falta de documentação dos primeiros imigrantes que levou os autores a preencherem lacunas de registros em cartórios, igrejas, delegacias e livros de cemitérios.
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